domingo, 28 de setembro de 2008


26 Domingo do Tempo Comum
28 de setembro de 2008


LEITURAS
1ª leitura: Ez 18,25-28 = Quando o ímpio se arrepende, recupera sua vida
Salmo Responsorial: Sl 24 = Recordai, Senhor Deus, vossa ternura e compaixão
2ª leitura: Fl 2,1-11 = Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus
Evangelho: Mt 21,28-32 = Arrependeu-se e foi trabalhar na vinha


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus

Naquele tempo, Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo:
Que vos parece?
Um homem tinha dois filhos.
Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: 'Filho, vai trabalhar hoje na vinha!'
O filho respondeu: 'Não quero'. Mas depois mudou de opinião e foi.
O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa.
Este respondeu: 'Sim, senhor, eu vou'.
Mas não foi.
Qual dos dois fez a vontade do pai?"
Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam:
"O primeiro".
Então Jesus lhes disse:
"Em verdade vos digo
que os cobradores de impostos e as prostitutas
vos precedem no Reino de Deus.
Porque João veio até vós, num caminho de justiça,
e vós não acreditaste nele.
Ao contrário,
os cobradores de impostos e as prostitutas creram nele.
Vós, porém, mesmo vendo isso,
não vos arrependesses para crer nele".
Palavra da Salvação.
Glória a vós, Senhor.


HOMILIA
“Os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vocês no Reino de Deus”

Esta é a primeira de uma série de três parábolas sobre o julgamento. Todas estão dirigidas ao mesmo público - os chefes dos sacerdotes e anciãos, ou seja, ao grupo de elite dentro do sistema religioso de Israel.

A parábola aqui trabalha com um esquema - o que é o “dizer” e o “agir” em resposta à vontade de Deus. Sendo parábola, que trabalha com simbologia, os dois filhos podem representar diversas personagens: o mais jovem pode representar o povo de Israel histórico que disse “sim” (Ex 19, 8) e não cumpriu com a sua palavra (cf. Jr 2, 20), ou a geração do tempo de Jesus diante da pregação de João Batista e de Jesus. O segundo filho pode representar qualquer um que se arrepende: as duas categorias que recebiam então o rótulo de “pecadores”, mas, que aceitavam o convite de João para o arrependimento; também os pagãos que se convertem e crêem em Jesus.

No fundo, a parábola retoma um tema muito claro no Sermão da Montanha: “Nem todo aquele que me disser: Senhor, Senhor! Entrará no Reino de Deus, mas aquele que cumprir a vontade de meu Pai do céu” (Mt 7, 21). Mateus é o Evangelho da prática da vontade do Pai, revelada em Jesus. O contraste entre os grupos na parábola chega a ser chocante - de propósito. De um lado temos a elite do sistema religioso judaico, que se considerava justa e sem qualquer necessidade de arrependimento; do outro lado, os pecadores públicos, bem conscientes da necessidade de conversão sincera. A parábola traz a mesma mensagem daquela do fariseu e do publicano em Lc 18, 9-14, e tem ecos de uma outra parábola com dois irmãos - a do “Filho Pródigo” em Lc 15, 11-32.

Esse texto nos desafia para que façamos um exame de consciência. Quantas vezes rotulamos pessoas e grupos como pecadores, injustos, desprezíveis, a partir das aparências e dos nossos preconceitos, enquanto nos contentamos com uma prática externa de religião sem conseqüências práticas para a sociedade, assim como faziam os chefes dos sacerdotes e anciãos do tempo de Jesus. Hoje em dia podemos não ter publicanos, mas quantos são desprezados nas nossas comunidades como os publicanos de então, por serem “drogados”, “aidéticos” “homossexuais”, “prostitutas” “divorciados” ou por outros motivos? Quantas vezes nos contentamos com uma religião que consiste em simplesmente cumprir a tabela dos ritos e rituais, com a moral burguesa da sociedade idolátrica consumista, sem perguntarmo-nos sobre os frutos de justiça da tal prática.

Mateus insiste que é pelos frutos que se conhece a árvore. Os ouvintes dessa parábola devem ter ficado chocados e ofendidos com a frase de Jesus, “os cobradores de impostos e as prostitutas (pessoas consideradas irremediavelmente perdidas) vão entrar antes de vocês no Reino de Deus”. Pois, Jesus desmascarava a religião dominante em Israel, que, escondida atrás de rituais e minúcias legais, marginalizava a maioria e lisonjeava uma minoria que se outorgava o direito de julgar os outros, sem dar frutos de justiça, partilha e solidariedade! “É pelos frutos que se conhece a árvore” (Mt 7, 20). Deixemos que este texto chocante nos interpele, examinando os frutos reais da nossa prática, para que não caiamos na cilada dos chefes dos sacerdotes e anciãos, apontando os erros dos outros e julgando-os, sem sentir a nossa própria necessidade de arrependimento.

Fonte: Pe. Tomaz Hughes, SVD
E-mail: thughes@netpar.com.br

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