sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Pe Dehon - Uma Vida de Amor

No último dia 12, celebramos o dia de Pe. Dehon, fundador da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Todas as vezes que celebramos um santo temos uma oportunidade para avaliarmos nossa caminhada cristã e, ao mesmo tempo, render graças a Deus pela obra que Ele realizou na vida do santo celebrado.

Pe. Dehon ainda não foi canonizado, mas a Igreja já reconheceu que suas virtudes foram heróicas (por isso o chamamos de venerável). Isso se deve porque ele não foi apenas sacerdote e religioso, sociólogo, advogado e escritor. Mas porque Pe. Dehon viveu num amor intenso. Mais do que um apaixonado, encantado pelo objeto de seu desejo: ele amou de verdade, num relacionamento pessoal – amou a Cristo, amou a Igreja, amou a humanidade.
Sem dúvida o amor foi o motor de sua vida: foi a partir da experiência do Amor, pela contemplação do lado aberto do Senhor na cruz, que Pe. Dehon pautou sua vida – um Amor pleno, perfeito e que se dignava a tocá-lo pessoalmente (pois Deus nos ama a cada um pessoalmente e não numa multidão). O Amor de Cristo o impulsionava: não viveria mais para si, mas para anunciar ao mundo a grandeza e a beleza do amor salvífico de Deus.

Esse Amor, cuja expressão perfeita é o Coração de Jesus, o impulsionou a seguir sua vocação sacerdotal (mesmo a contragosto de seu pai) e foi ordenado padre em 1868. Seu coração, contudo, continuava inquieto: o Amor pedia ainda uma especial consagração ao Seu Coração. Por isso, depois de um profundo processo de discernimento e com a coragem característica dos fundadores, fundou a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus em 1878, da qual foi o primeiro religioso. Neste mesmo Amor, além de governar a Congregação desde os princípios difíceis até sua páscoa aos 12 de agosto de 1925, foi um grande divulgador da Rerum Novarum¹.

A vida de Pe. Dehon questiona a nossa vida. Primeiro, pelo fato de ele estar com seu coração aberto à presença de Deus, ao toque de Deus. Pe. Dehon, de fato, se relacionava com Deus, O tinha como um amigo próximo. Cultivava esta amizade na oração (pessoal e comunitária) e no silêncio. Segundo, pela sua obediência ao Magistério da Igreja – cujo exemplo mais claro foi sua submissão quando a Congregação recém fundada foi supressa pela Santa Sé (1883), e o ardoroso retorno ao trabalho quando teve a obra reaberta (1884). Terceiro, pelo seu incansável serviço na busca pela salvação das pessoas e seu bem já nesta vida. Olhando para Pe. Dehon todos precisamos nos questionar sobre nossa fé e nossa vivência cristã; nossa abertura de coração ao Amor divino e nossa prática cotidiana dos valores cristãos.

Por outro lado, como não agradecer a Deus por ter suscitado entre nós um coração assim tão dócil ao Coração? Suas últimas palavras confirmaram toda sua obra: “por Ele vivi, por Ele morro”. Como não nos alegrar ao ver um coração tão intimamente unido ao Sagrado Coração, sinal da presença de Deus que age entre nós?
Por fim, fazemos também a nossa prece, pedindo que a intercessão do venerável Pe. Dehon suscite muitas e santas vocações à Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, mas também a toda Igreja: ao sacerdócio, à vida consagrada e ao matrimônio. E a nós, que conhecemos o testemunho de vida de Pe. Dehon, pedimos ao Senhor, por sua intercessão, que nos dê a graça da fidelidade.

¹ Primeira encíclica social promulgada por Leão XII em 1891.


Frater Lucas de Mello, scj
Treinamento Vocacional
2º Ano de Teologia
Faculdade Dehoniana

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