segunda-feira, 2 de julho de 2012

O que fazer com as imagens quebradas:?

Imagens quebradas: o que fazer com elas?

Padre Antônio Clayton Santana, C.SS.R


Pessoas muito respeitosas e outras inseguras na doutrina não sabem como se desfazer das imagens bentas quebradas, estragadas, deterioradas.

Será verdade que joga-las no lixo pode fazer mal? Isto é superstição.

E sobre o costume de coloca-las junto a um cruzeiro ou aos oratórios de estrada. O que pensar? Objetos bençoados não têm em si algo de divino. Não valem por si, mas pelo que significam. Como símbolos religiosos merecem respeito e veneração. Símbolos são um recurso da comunicação humana em todas as culturas. A dimensão simbólica é uma propriedade entre o racional e o biológico ou a pura sensibilidade. Usamos esta linguagem no dia a dia e não só as palavras e gestos.

Ora, todas as religiões se expressam através de objetos simbólicos mesmo aquelas contrárias ao uso das imagens. O culto cristão às imagens enquanto bíblico entra no universo simbólico religioso. Vem do mistério da pessoa humana. O livro do Gênesis é enfático ao afirmar que Deus fez homem e mulher à sua imagem e semelhança (Gn 1,26-27). Os dois não são iguais a Deus, mas têm algo de divino e de certa forma o retratam.


São Paulo diz que Jesus é a imagem do Deus invisível, é o primogênito de toda criatura” (Cl1,15). Os cristãos refletem como num espelho a glória do Senhor e vão se transformando na sua imagem (2Cor 3,18). Deus não pode ser objetificado, mas é a sua imagem que amamos nos outros. Ela nunca pode ser quebrada, deteriorada e jogada fora. Em nós e nos outros. Nenhuma sociedade, cultura ou legislação pode desprezar a pessoa humana, ofender a sua dignidade por meio de injustiças e corrupção moral. No culto cristão a veneração a Maria e aos santos nos leva ao mistério pascal de Cristo. É a força redentora de sua graça que age nos santos. “A iconografia cristã transcreve pela imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela Palavra. Imagem e Palavra iluminam-se mutuamente” (CIC n. 60)


Mas, é culto idolátrico acreditar mais na imagem que imitar o santo(a). Da mesma forma atribuir bênção, poder espiritual ou valor religioso ao símbolo avariado desvirtua a veneração e não glorifica a Deus. Imagens abençoadas são dignas de estima e conservação zelosa porque inspiram a fé e a confiança na Graça de Deus dada a nós por Jesus. Uma vez quebradas, estragadas, danificadas são indignas de honra e veneração. Não representam mais nem simbolizam nenhuma intermediação com o sagrado. Acabar de quebra-las (ou destruir objetos sacros estragados) é a maneira respeitosa de se desfazer delas e deles. O próprio respeito ao uso espiritual, à sua linguagem simbólica pede sua destruição total. Se possível enterrando, queimando ou colocando no lixo em pedaços bem pequenos. Nunca as deixar junto a Cruzeiros ou oratórios.

Venerar os santos não é e nem pode sequer parecer mais importante que a salvação em Cristo.


FONTE:
Revista de Aparecida-Ano 9 – no 99 – Junho 2010

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