quinta-feira, 2 de abril de 2009

A Igreja Santa Cruz situa-se na praça Frei Vicente, mas você sabe quem foi FREI VICENTE???


Frei Vicente de São Tiago
* São Tiago (Itália), 04.01.1854
+ Taubaté-SP, 30.03.1931



Frei Vicente de São Tiago (Inocêncio Valentinotti) partiu para o Brasil aos 24 de junho de 1882 indo para a Colônia Santa Isabel em Pernambuco. Ali trabalhou até o ano de 1894 quando veio para São Paulo e agregou-se a seus coirmãos da Província de Trento. Tinha uma certa cultura mas quis ser Irmão, embora com vocação missionária. E como Irmão, sempre seguiu os sacerdotes em suas Missões ou dedicou-se ao ensino e à orientação de crianças e jovens na Catequese.

Nasceu aos 4 de janeiro de 1854; vestiu o hábito aos 16 de setembro de 1876, fazendo sua profissão simples aos 4 de outubro de 1877. Aos 20 de outubro de 1882 fez sua profissão definitiva na Ordem Capuchinha. Era filho de Antônio e Domingas Valentinotti.

Já em Pernambuco, trabalhou no Colégio que fora aberto próximo a Recife, nele lecionando por vários anos.

Vindo para São Paulo, foi residir em Taubaté, onde, como sempre, dedicou-se à formação infanto-juvenil e até o Bispo o apoiava muito nesse apostolado tão necessário. Depois, é transferido para Piracicaba e por vários anos ali prosseguiu sua missão auxiliando também nas funções sagradas e na Sacristia. Grande foi sua colaboração nas missões pregadas por Frei Silvério e Frei Crispim pelo litoral de São Paulo, nos anos de 1896 e 1897 como podemos ver pelo livrinho "Pastoral Missionária", pp. l2 e ss. Percorreram cerca de vinte locais, permanecendo até por 10 dias em alguns deles. Os que posteriormente passaram pelo litoral, além de reconhecer os alicerces que esses missionários ali colocaram no campo da fé, puderam ainda ouvir o povo de Deus cantar com saudades aqueles hinos tão brasileiros que Frei Vicente ensinara de há muito e que sempre eram repetidos nas comunidades...

Quando estiver morrendo, quero com viva fé...

consolo achar dizendo: Jesus, Maria, José!...

Aos 14 de novembro de 1897 passou a residir junto à Igreja de São Francisco em São Paulo, com Frei Damião, Frei Bernardino, Frei Antônio de Drena, e posteriormente, com Frei Silvério e outros coirmãos. Ali abriu logo uma escola de Catecismo, freqüentada por ricos e pobres. Eram os primeiros passos de uma Catequese organizada na Capital – coisa inédita – e que depois se espalhou pelo interior.

Quando os missionários se incumbiram das Missões Indígenas em Campos Novos do Paranapanema (SP), no rio Verde (MS) e nas Marrecas (SP), foi Frei Vicente que deu todos os passos para obter das Secretarias da Fazenda e da Agricultura os auxílios pecuniários, víveres, instrumentos agrícolas, passes e fretes para as Estradas de Ferro. Bateu às portas de fábricas e de famílias conhecidas, pedindo auxílio. Não fora sua idade um tanto avançada e a saúde já abalada e ele também teria participado dessa empresa evangélica. Assim mesmo pôde passar uns dias nas Marrecas, à margem do Paraná; tal excursão lhe acarretou uma paralisia total em seus membros; impressionava ver por largos meses o venerando irmão, de longas barbas brancas, imóvel em seu carrinho, levado por algum cirineu, mas sempre cantando e rezando com o povo. E suas orações subiram ao céu, pois graças a Nossa Senhora Aparecida, a quem fizera promessas, recuperou seus movimentos.

Sempre disposto, Frei Vicente a todos atendia com atenção, distribuindo seus dons de catequista, de músico, e sua simpatia.

Recaindo em suas doenças que não mais o deixaram até a morte, veio a falecer aos 30 de março de 1931, vitimado por grave uremia.

Seu Guardião Frei Domingos de Riese, entre outras coisas escrevia, por ocasião de sua morte, ao superior de São Paulo:

... "nosso finado Frei Vicente, em sua enfermidade, deu belos e edificantes exemplos de paciência e resignação.

"Eram terços, jaculatórias, pedidos de perdão a todos pelos maus exemplos que tivesse dado. Enfim, teve bela e edificante morte. Mesmo no esquife transparecia uma calma como quem estivesse dormindo. Seu enterro foi solene. Taubaté em peso estava aqui; nosso Governador da Cidade baixou um decreto denominando o Largo da Estiva "LARGO FREI VICENTE". (Carta de Taubaté, de abril - 1931).

Aliás, Taubaté muito se beneficiou da presença do ativo irmão, especialmente na década de 1920 quando ele se dedicou fervorosamente ao Patronato Santo Antônio onde eram atendidas levas e levas de necessitados, como podemos ler ainda em relatos que nos ficaram nas páginas de "Anais Franciscanos". O patronato era local de instrução, de orientação e de auxílio a todo o povo menos favorecido. Ali se promoviam encontros, festas, palestras e diversões, especialmente para crianças e jovens. Uma espécie de oratório festivo.

Conforme a citada revista "Anais", Frei Vicente amou a Deus e a nossa Ordem. Foi também um grande amigo do Brasil. Reconhecendo seus trabalhos, os superiores lhe ofereceram um descanso na pátria distante, de onde se afastara há mais de 30 anos, mas ele recusou dizendo "que sua pátria era o Brasil e que preferia ficar aqui trabalhando sempre, até o dia em que Nosso Senhor entendesse chamá-lo para vida melhor". (A.F. maio 1931, p.145-147).

Também o jornal "LA SQUILLA" traçou um perfil de Frei Vicente; nele nos baseamos para o início deste breve resumo biográfico.


Fonte: site da Província dos Capuchinhos de São Paulo = http://www.procasp.org.br/textos.php?id_texto=224

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